A Memória Gosta de Dançar entre as palavras não ditas e as imagens a serem contadas
“A Memória Gosta de Dançar entre as palavras não ditas e as imagens a serem contadas” pensa as possibilidades de apropriação narrativa das fotografias de três álbuns de retratos da minha família produzidos durante o nosso exílio de sete anos na Albânia, por conta do regime Militar Brasileiro. Estes álbuns foram base de construção da minha narrativa ficcional de que ao invés de termos morado na Albânia, teríamos vivido em Paris e Roma, como álibi de proteção.
Essas fotografias são matéria-prima deste Foto-filme que pensam as narrativas de si construídas no espaço entre memória e o esquecimento e os deslocamentos provocados pelo medo proporcionado pela violência do silêncio obrigatório em torno do acontecimento da sobrevivência no retorno ao Brasil. O silêncio que se tornou indizível e inefável articulando-se intimamente com o inexpressável, veio 40 anos depois render-se a todas as esperanças de serem entregues a total a poesia do ato artístico. A memória sobrevive não só pelo que lembramos, mas também pelo que esquecemos. Mergulhar, atravessar, sentir, refletir, repousar e entrar nas imagens esgarçou caminhos de rememoração. De forma consistente a memória vai decantando na imagem, ao procurar se firmar nos movimentos entre o nítido e o borrado, entre a imagem e o vazio, entre o olhar e a censuradora tarja preta. Ao final a temporalidade se funde e tudo se torna potência criativa e esperança de reconciliação com a minha história.
Treinado para esquecer, cacos de memória e vida partida
Treinado para esquecer, cacos de memória e vida partida pensa as possibilidades de apropriação narrativa das fotografias de três álbuns de retratos da minha família produzidos durante o nosso exílio de sete anos na Albânia, por conta do regime Militar Brasileiro. Estes álbuns foram base de construção da minha narrativa ficcional de que ao invés de termos morado na Albânia, teríamos vivido em Paris e Roma, como álibi de proteção.
Essas fotografias são matéria-prima destes Foto-filmes que pensam as narrativas de si construídas no espaço entre memória e o esquecimento e os deslocamentos provocados pelo medo proporcionado pela violência do silêncio obrigatório em torno do acontecimento da sobrevivência no retorno ao Brasil. O silêncio que se tornou indizível e inefável articulando-se intimamente com o inexpressível, veio 40 anos depois render-se a todas as esperanças de serem entregues a total a poesia do ato artístico. A memória sobrevive não só pelo que lembramos, mas também pelo que esquecemos.
No meu retorno ao Brasil, fui treinado para esquecer e, para me proteger, partes fundamentais da minha construção identitária ficaram adormecidas. Mergulhar, atravessar, sentir, refletir, repousar e entrar nas imagens esgarçou caminhos de rememoração. De forma consistente a memória vai decantando na imagem, ao procurar se firmar nos movimentos entre o nítido e o borrado, entre a imagem e o vazio, entre o olhar e a censuradora tarja preta. Ao final a temporalidade se funde e tudo se torna potência criativa e esperança de reconciliação com a minha história.