Uma secreta microfilmagem de memórias banidas
Uma secreta microfilmagem de memórias banidas pensa as possibilidades de apropriação narrativa dos documentos e das fotografias de três álbuns de retratos da minha família produzidos durante o nosso exílio de sete anos na Albânia, por conta do regime Militar Brasileiro. Estas imagens foram base de construção da minha narrativa ficcional que surge do contato com a microfilmagem dos documentos do deops do Rio de Janeiro e de São Paulo e minha pesquisa.
Essas imagens são matéria-prima desse Foto-filme que pensa as narrativas de si construídas no espaço entre memória e o esquecimento e os deslocamentos provocados pelo medo proporcionado pela violência do silêncio obrigatório em torno do acontecimento da sobrevivência no retorno ao Brasil. O silêncio que se tornou indizível e inefável articulando-se intimamente com o inexprimível, veio 40 anos depois render-se a todas as esperanças de serem entregues a total a poesia do ato artístico. A memória sobrevive não só pelo que lembramos, mas também pelo que esquecemos. Mergulhar, atravessar, sentir, refletir, repousar e entrar nas imagens esgarçou caminhos de rememoração.